Passeios de barco em Fortaleza são oportunidade irrecusável de sentir e respirar a cidade; veja

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 Não precisa ir muito longe para respirar. Mesmo entre o concreto e o asfalto, Fortaleza oferece possibilidades irrecusáveis de contato com a natureza – seja pela beleza do território em si, seja pela necessidade de fugir do caos da metrópole e experimentar ela mesma em plenitude. Uma excelente opção são passeios de barco, diversos e acessíveis.

As travessias englobam rio, mar e o encontro entre os dois. Além disso, percorrem diferentes partes da cidade, indo do Cocó à Barra do Ceará, passando pelo Mucuripe. Um dos momentos mais prazerosos dessas viagens é observar alguns dos pontos turísticos de nossa terrinha sob outra perspectiva, despertando orgulho, surpresa e sentimento de cuidado.

Nesta mais uma reportagem do especial Viva o Verão – que explora o potencial turístico, gastronômico e de lazer na capital cearense – vamos conhecer rotas aquáticas pra lá de agradáveis e inesquecíveis, ideais para fazer sobretudo com a família ou entre amigos. Mesmo que você vá sozinho, garanto: conhecerá gente bacana por lá.

 

Isso porque a energia dos passeios combina com aqueles que estão a fim de se desconectar um pouco da rotina e proporcionar algo precioso nos dias: o desejo de aventura e calmaria. E o melhor: com apenas R$10, já é possível fazer um dos trajetos. Duvida? Pois te contamos tudo com detalhes para você se programar e ir o quanto antes.

ENTRE A TRILHA E A ÁGUA

Comecemos pelo que com certeza gerou ânimo em você: o fato de o passeio ser tão baratinho. Neste caso, é aquele realizado no Rio Cocó. São três modalidades de trajeto: com duração de duas horas (comporta até 12 pessoas e sai a R$400); com duração de 1h10 (comporta até cinco pessoas e sai a R$200); e o mais comum, de 20 minutos, a R$10.

 

Legenda: Rio, mar, areia e mangue: paisagens diversas no passeio pelo Cocó
Foto: Fabiane de Paula

 

Exceto neste último, nos outros é possível inclusive tomar banho. Todos são conduzidos por seu Araújo, navegador do Cocó desde 1993. O veterano prepara cada turma com muito zelo, colocando coletes salva-vidas e deixando-nos à vontade para saber mais sobre o lugar onde estamos. Assim, a viagem, além de belíssima, é repleta de informações e curiosidades.

O Cocó, por exemplo – maior parque natural em área urbana do Norte/Nordeste e o quarto da América Latina – possui 56 espécies de peixes e mais de 100 espécies de aves. Não à toa, incorpora, segundo seu Araújo, os quatro mandamentos do turismo ecológico: “Mate só o tempo/ Deixe só pegadas/ Tire só fotos/ Leve só lembranças”.

 

Legenda: Contemplar a natureza de pertinho assim é um dos muitos privilégios proporcionados pelo passeio
Foto: Fabiane de Paula

 

Fizemos o passeio de 1h10 e foi bonito. A saída é pela Avenida Sebastião de Abreu. Você chega nessa entrada do parque, pega a esquerda e segue por uma trilhinha estreita até o rio. As embarcações de seu Araújo aguardam, pacientes, a chegada de novos tripulantes. 

Nessa modalidade de trajeto, passamos por debaixo da Sebastião de Abreu, seguimos rio adentro e vamos até a Praia da Sabiaguaba, contemplando o famoso encontro entre rio e mar. Antes disso, desperta atenção o comportamento da vegetação de mangue e a existência inquieta da natureza – com aves passando de um lado para o outro e peixes saltando na água.

 

Legenda: Seu Araújo realiza essa travessia pelo Cocó desde 1993
Foto: Fabiane de Paula

 

O banho acontece logo após passarmos pelo Mercado Gastronômico da Sabiaguaba, em uma das faixas de areia ali posicionadas. Já no percurso, notamos a diferença na movimentação das águas – quando são de mar e quando são de rio – e outro encontro majestoso: do rio Cocó com o rio Coaçu, em meio ao verde e ao céu sem nuvens.

Você tem os sábados, domingos e feriados, de 8h às 13h, para realizar os passeios mais longos – somente mediante agendamento; já o mais curto, de 20 minutos, pode ser feito ao longo da semana. Seu Araújo precisa observar o movimento das marés para avançar no rio, e apenas esse fato já demonstra o quanto de conhecimento e amor o navegante deposita.

“Isso aqui, o parque do Cocó, é nosso. Se a gente não cuidar, vamos continuar percebendo o que já está acontecendo no mundo, principalmente relacionado às ondas de calor. O passeio faz isso: permite que, conhecendo o lugar a fundo, comecemos a priorizá-lo”.

A BARRA DO CEARÁ CHAMA

Da Sebastião de Abreu para o charmoso píer da Barra do Ceará, sede de outro passeio de barco famoso e não menos inspirador. Nesse novo endereço, a travessia começa de um ponto próximo onde o rio encontra o mar. Logo, bastam os primeiros minutos para o encanto tomar conta e deixar todo mundo envolvido pela magia que vem das águas.

 

Legenda: A navegação pelo rio Ceará dura cerca de 80 minutos, tempo suficiente para sentir o vento em saber mais sobre o território
Foto: Ismael Soares

 

A navegação pelo rio Ceará dura cerca de 80 minutos – tempo suficiente para sentir o vento e, tal qual na viagem pelo Cocó, saber mais sobre o território. No caminho fluvial, a vegetação do mangue se revela em diversas facetas como berço da reprodução marinha. A visão não deixa a desejar, e é convite para não pararmos por ali.

Com o mínimo de 10 pessoas já é possível fazer o percurso – o barco, por sua vez, comporta até 30 navegantes. Os grupos saem do Albertus Restaurante, na avenida Radialista José Lima Verde, e vão até a comunidade do Guaé. Um nativo sempre está entre os viajantes, detalhando fatos interessantíssimos sobre a região.

 

Legenda: Antes mesmo de começar o passeio, paisagem da Barra do Ceará já é um presente aos olhos
Foto: Ismael Soares

 

Um dos mais valiosos é que ainda existem doze quilômetros de manguezal nessa área de proteção ambiental que é o Rio Ceará. Outros dizem respeito à própria história do bairro Barra do Ceará, desde quando sediou o primeiro hidroporto de Fortaleza até a convivência com salinas, da colonização à contemporaneidade.